
As adaptações viraram as queridinhas dos estúdios, do público e certas vezes (Raras, diga-se de passagem) da crítica. Com as férias se aproximando e a temporada de estreias em alta de uns meses pra cá, quase que toda semana podemos apreciar uma delas. Passou o tempo em que nos sentíamos obrigados a esperar quase dois terríveis anos para poder rever Harry, Rony e Hermione, porque nada nesse meio tempo nos faria abandonar aulas, deixar de ver o último capítulo da novela ou ver o desfecho daquela série tão popular para ir ao cinema surtar com as aventuras deles; agora basta ir ao cinema todo fim de semana para ocupar sua mente curiosa e viajante com uma nova história. Mas será que isso é tão bom assim?
O mercado das adaptações é o que de fato move e gera lucro para grande parte da indústria cinematográfica mundial, atualmente. Existem ótimos e brilhantes roteiros originais, mas muitos deles são deixados de lado para que uma adaptação mal feita venha a circular. Mas, mais do que isso, acabam criando uma demanda muito maior à espera das mesmas, principalmente quando se trata de histórias fantasiosas envolvendo amor adolescente, triângulos amorosos e ação. É tão simples que chega ser perturbador em certos momentos. O que deveria ser feito para agradar aos fãs de livros, quadrinhos ou qualquer que seja a forma de distribuição primária, se torna algo feito para pessoas que não leem e vão ao cinema em busca de um passatempo para não ficar em casa no tédio.
O que é bem irônico, considerando que 90% dos lugares ocupados em sessões de uma adaptação, são de fãs que leram o livro ou quadrinho e acompanharam a produção desde que a equipe de roteiristas escreveu a primeira linha do longa. Se torna rotina sair de uma sessão como essa e ver ou ouvir a revolta dos fãs, chega ser quase unânime os comentários sobre as falhas no roteiro, história e coisas do gênero, enquanto as pessoas que tinham ouvido falar do filme por comerciais ou trailers divulgados na internet, saem com sorrisos e muitas vezes maravilhadas com o que acabaram de ver e que ao saberem que se trata de um filme baseado em um livro, correm para a livraria mais próxima em busca do tal livro. Ao chegarem, logicamente, deparam-se com uma versão do livro com a capa do filme. Vão então para suas casas, começam a ler e não é preciso muito mais do que dois ou três capítulos pra entender que o filme que acabaram de assistir é minimamente baseado na obra prima que se encontra em suas mãos.
Só que o problema vai além disso. A situação caótica dessa alta temporada de adaptações para o cinema, está na falta de vontade de muitos estúdios de criar um filme bom, bem feito, realmente baseado no livro e que possa não só servir de lucro, mas também agradar aos fãs já adentrados na trama, como também atrair novos fãs para o que pode vir a ser uma grande franquia de sucesso. Qualquer um conhece fãs de ‘Senhor Dos Anéis’ ou ‘Harry Potter’ que até hoje se sentem extasiados ao ver um filme das franquias, mesmo já tendo visto diversas vezes, em diversas versões, por vários veículos de distribuição diferentes. Não que sejam adaptações perfeitas, longe disso, porém existia um comprometimento e dedicação maior por meio dos roteiristas, estúdios e produtores; coisa que virou raridade em diversas adaptações que surgiram a partir dali. Não é nenhuma lenda urbana estar em sessões de filmes altamente conhecidos e ao conversar com alguém, a pessoa sequer sabe a história que havia se passado ali nas últimas duas horas, só mentalizava a cena em que a cidade explodia, o vilão era derrotado e pior ainda, o momento em que o galã estava sem camisa. Não que ver efeitos especiais, querer um final feliz e admirar um belo tanquinho sejam coisas idiotas, mas o princípio básico de sair de casa, enfrentar um fila de horas, ficar sentado em uma sala por pelo menos duas horas, é no mínimo prestar atenção no que acabou de ser visto e tirar algo. Isso se dá pela falta de comprometimento na hora de levar o projeto para frente.
Franquias como ‘Jogos Vorazes’ e ‘Divergente’ tem o seu valor, sendo também um mérito que tenham conseguido levar às telonas as brilhantes histórias de Suzanne Collins e Verônica Roth, tornando-as grandes sucessos, o que pode gerar um pensamento de que sem investimento não há um filme de sucesso, mas ao contrário do que parece, nem sempre o investimento se torna o grande vilão da história, visto adaptações já conhecidas, como ‘A Hospedeira’ e ‘Cidade Dos Ossos’, que tiveram um investimento relativamente bom, com atores conhecidos pelo público das devidas histórias, e ainda assim fogem quase que totalmente do que nos é mostrado nos livros, sendo o segundo citado, até mesmo cansativo de se ver por misturar e atropelar acontecimentos e te empurrar até o final com cenas angustiantes e de ação a todo momento. O que não acontece com ‘Academia De Vampiros’, que embora por diversos problemas não tenha ido à circuito nos cinemas, se mostrou um filme muito bem feito, com atores quase que nascidos para o papel, com baixo investimento e altas doses de humor e emoção mescladas à um roteiro dinâmico e bem escrito.

Mas, os fracassos não se restringem aos filmes baseados em livros, também se mostram presentes nas adaptações dos quadrinhos ou desenhos de super heróis conhecidos por todo mundo. Diversos filmes de super heróis, que são o ápice da indústria atualmente em termos de lucro, se tornam um fracasso de bilheteria e crítica por serem só mais um filme de super herói sem grande importância. A última franquia de filmes do ‘Batman’, por exemplo, se mostrou bem eficiente, mas as anteriores em comparação, são apenas filmes sobre um herói que todo mundo já conhece; assim como filmes do ‘Homem De Aço’, que já teve seu tempo e ainda assim insistem em investir nele, o que gera mais e mais fracasso.
E por mais lucrativos que sejam, filmes como ‘Os Vingadores’ e de todos os seus integrantes, não passam de formas de entretenimento apelativas às explosões, roupas bonitinhas e filantropia exacerbada, até mesmo dos mais antigos como Capitão América. Os aplausos se devem mesmo à duas novas franquias. À nova franquia de filmes do ‘Homem Aranha’, que conseguiu resgatar uma história mal contada na trilogia anterior, fazendo dele um herói melhor, mais divertido, racional e muito mais fiel aos quadrinhos, tendo melhoras na produção e no casting também, que se manteve muito melhor com Andrew Garfield na pele do incrível Peter Parker; como também ao rumo que a franquia dos ‘X-Men’ foi levada, sendo essa bem interessante e inteligente desde seu início pela história que cercava a origem de muitos dos mutantes, e no último filme lançado nos vemos a frente de um futuro esperado e ainda assim nos surpreendemos com o rumo que o filme toma e no final foi quase impossível não sair satisfeito da sala de cinema.
A avalanche de adaptações para o cinema chegou de uma forma tão rápida e abusiva na vida das pessoas, que basta você jogar na internet o nome de qualquer livro que tenha como protagonista algum ou alguma adolescente, que você descobre que dali há alguns meses vai sair o filme nos cinemas.
Praticamente 75% dos livros que são publicados no mundo atualmente, já chegam às livrarias com seus direitos de filmagem comprados, o que é considerado bom, e com toda sinceridade, é, mas assim como para uma criança assistir um filme de super herói é ver parte de sua imaginação, para um fã de literatura, ver uma adaptação digna circulando pelo mundo é motivo de orgulho, gerando um comprometimento maior para divulgar, assistir várias vezes e ajudar pra que possam haver outros filmes como aquele. As adaptações não devem ser condenadas, nem impedidas de acontecerem, mas deveriam ser feitas com o mínimo de comprometimento e evolução por parte dos roteiristas e produtores. Existem adaptações menos conhecidas, com investimentos bem menores do que o saudoso fracasso ‘Percy Jackson’, que geram um orgulho muito maior para os fãs pelo simples fato de terem sido feitas com vontade, força e dedicação à história.
Adaptações, como o nome já diz, deveriam ser novas formas de uma mesma história, de uma mesma arte, mas grande parte delas são apenas uma nova forma de desvalorizar a arte e a beleza de um boa e velha história. Sempre ouvimos que não se deve julgar um livro pela capa, mas atualmente, não devemos julgar um história pela sua adaptação.






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