O que despertou a minha curiosidade de assistir Noé (Noah)
foram às críticas religiosas acerbadas em seus primeiros dias pós-lançamento. Ateu
confesso, não nego que fiquei com um gostinho a mais na boca para saber o que
os cristãos tanto reclamavam.
No começo, não havia nada. A história tem seu ponto de
partida em gênesis, onde Adão e Eva são tentados pelo “fruto proibido”. E é no
furto da maça que se instaura uma realidade sombria, onde os descendentes de
Caim constroem uma civilização violenta, egoísta e poligâmica.
Mas, mais do que simplesmente fazer uma adaptação bíblica para
as telonas, o diretor Darren Aronofsky está interessando em discutir a posição do homem
na terra. Tanto ecologicamente quanto religiosamente falando. O mais explicito
é a fé que beira o fanatismo do personagem principal, Noé. A sua fidelidade com
Deus e sua dedicação em realizar os desígnios feitos pelo Criador faz com que ele não apenas consiga construir a monumental arca, como também, que deixe milhares
de pessoas de fora aclamando por uma vaga na construção. Noé traz consigo uma dualidade moral que
desperta vários questionamentos sobre o próprio ser humano.
No fim das contas, o ponto crucial é a discussão implícita
sobre a corrupção do homem. Onde o personagem do título entende que toda raça
humana precisa ser destruída, incluindo a própria família. A percepção de que
Noé se achava tão pecador quanto os outros reforça a visão de que ele era
diferente, sua humildade estava andando junto com sua justiça.
Outro ponto positivo está no arco dramático
do filme, que não permanece em saber se vai chover ou se a humanidade irá se
arrepender, mas sim, se Noé tinha entendido toda a mensagem lhe passada, de que
não era para sobrar ninguém na face da terra ou se Deus ainda tinha um plano
para a humanidade.
Fora isso, a grande mensagem do longa-metragem está no
fato de Noé não matar suas netas. Pois, além de garantir a descendência dos três
filhos, ele mostra o porquê Deus o escolheu. No dialogo final, Ila, sua nora,
pergunta por que ele não as matou e ele responde que quando olhou para
elas o coração dele só tinha amor. Mostrando que mesmo vendo a corrupção do homem e sendo chamado para trazer o juízo final, ainda existe amor na raça humana.
Mais que um mero blockbuster interessado em bilheteria, Noé, é um filme que quer dizer algo a um público que queria discutir. Assista de mente aberta e sem se atrelar a pequenos detalhes religiosos. Noé olha para o ser humano, com suas qualidades e defeitos. Olha para a natureza e sua importância. Olha para tudo aquilo que é preciso ser discutido: o caráter e a dignidade. E isso sob os mais diversos e intrigantes pontos de vista.







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