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quarta-feira, 2 de julho de 2014

O patriotismo da conveniência



- Pô cara, eu sou apaixonado por ela, sabe? Faço tudo por essa garota, dou minha vida por ela.

- Legal velho, mas porque você não demonstra isso mais vezes?

- Ah, eu só gosto de demonstrar no dia dos namorados. Porque aí é pra valer sacou? O resto do ano eu não me importo muito, não acompanho.

Quem não conhece um sujeito como o rapaz aí de cima? Uma pessoa que não gosta de verdade, mas monta o circo para manter as aparências. Manda flores e chocolates no aniversário, mas ignora na conversa do dia a dia. Alguém aí diria que ele é realmente apaixonado?

Então me digam meus caros, se é tão claro que existem situações assim quando o assunto é 'amor', porque seria diferente com o patriotismo? E tem época em que isso fica mais evidente do que agora? Milhares e milhares de pessoas que passam os dias, meses e anos repetindo como o Brasil é errado, como tudo aqui tem que ser mudado, mas quando chega a Copa... Eu sou brasileiro, com muito orgulho...

...com muita cara de pau! Sejamos honestos. Quem aí realmente ama a nação quando a seleção não está em campo? Porque esse clima patriótico só existe no esporte? Ou melhor, no futebol? Ou melhor ainda, somente em mundiais? Porque ninguém se comove dessa forma quando vamos jogar um amistoso? Ou quando um atleta olímpico chora por não ter patrocínio ou condições de treinar? Ou nas eleições? Lembram do sujeito que faz carinho na frente de todos e maltrata entre quatro paredes?

Esse sujeito somos todos nós, quando o assunto é patriotismo. Essa palavrinha mágica que surge de quatro em quatro anos apenas para justificar nossa alegria em parar a vida para acompanhar 32 seleções correndo atrás de uma bola. Nossa alegria em ver o comercial da TV tirando sarro dos argentinos. Nossa alegria em sair mais cedo do trabalho. Nossa alegria em ter uma desculpa para encher a cara e fingir que a vida anda perfeita.

Pode doer em muitos, mas a verdade é que não, você não é patriota. Durante quatro anos você fez piadas de nordestino com sede, teve ódio do funkeiro de aba reta, riu do playboy da zona sul, fez o possível e o impossível para não ficar ombro a ombro com eles. Mas quando o juiz apita pintamos a cara de verde e amarelo e viramos todos um, para frente Brasil, salve a seleção.

Duvida disso. Então faça um teste você mesmo. Sem consultar o google. Para quem o Brasil perdeu a última copa do mundo? Fácil, essa todo mundo sabe. Somos todos brasileiros fanáticos! Mas me diz então sabichão, quantas medalhas o Brasil ganhou nas últimas olimpíadas? Não sabe? Então me diz uma, umazinha só. Não sabe? Ora, mas você não é o super patriota? Amante e defensor da nação brasileira? Te dou mais uma chance. Me diga um, um exemplo de alguma coisa que você fez de patriota sem ser fingir o choro ao ver o Neymar (também fingindo choro) cantando o hino. Agora eu te pergunto, patriotas ou futebolistas?

Afinal de contas, o que é o patriotismo? Alguém já parou pra pensar porque temos que ser patriotas? Qual o sentido em ser patriota? Particularmente tenho aversão a esse sentimento. Porque? Te dou um exemplo de um cara muito, muito patriota.


Quer saber qual o país mais patriota do mundo? USA! USA! USA! O mesmo que em nome da pátria, em defesa dos costumes (norte)americanos se sente no direito de invadir qualquer outra nação do planeta. Abrir caminho à força e hastear a bandeirola vermelha branca e azul. Tudo em nome do patriotismo. Claro que nem todos são assim. Muitos ainda conservam a ingênua ideia de que nascemos no Brasil e morreremos pelo Brasil, mesmo que o mais perto disso que chegaremos é lutar em um jogo online de tiro.

Mas assim segue a vida. Vamos aguardar o final da copa, as bandeiras guardadas, o hino esquecido e o sentimento se esvaindo. Em outubro volta o discurso de que nada no Brasil está certo. Em dezembro, depois de voltar das férias no exterior, onde a grama é mais verde, o Brasil volta a ser o que há de pior no mundo. Será que daqui dois anos teremos buzinaço quando o Brasil ganhar sua primeira medalha nas olimpíadas? Alguém acredita?
Edu Silva

Nasci mineiro e cruzeirense, cresci ao som do velho rock, me formei publicitário e hoje me misturo fotógrafo, cozinheiro, mochileiro e como todo brasileiro, palpitador de futebol.

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