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quarta-feira, 16 de julho de 2014

A Culpa é do Marketing: um filme mediano, de um livro ruim (Resenha "A Culpa é das Estrelas")



“A História gira em torno de Hazel e Gus, dois adolescentes que se conheceram em um grupo de apoio a pacientes com câncer e compartilham, além do humor ácido e do desdém por tudo que é convencional, uma história de amor que os faz embarcar em uma jornada inesquecível.”

O LIVRO

Com o título criativo, o livro, “A Culpa é das Estrelas”, ganhou diversos fãs pelo mundo todo, o que não foi meu caso. De início, buscando divergir do comum, Green, faz mais do mesmo, tornando a leitura rasa em inúmeros aspectos, principalmente, nas referências filosóficas que buscam um ar de sofisticação, mas que acabam se tornando clichês.

A protagonista, Hazel, tem dezessete anos, porém, não demonstra isso. Segundo os leitores, John Green entende bem o universo dos adolescentes, me parece um equívoco. Os diálogos são sobrecarregados de palavras difíceis, acrobacias, metáforas, piruetas e expressões que com certeza não são utilizadas pelos jovens.

Fracamente descrito, mesmo que as palavras bem encaixadas nos levem a necessidade de terminar as frases, a interpretação necessária para entender qualquer situação é nula. Uma leitura mais aprofundada parece inimaginável, já que o autor entrega todos os mistérios possíveis de bandeja em enigmas fúteis. É fácil adivinhar o final da história logo nos primeiros capítulos.

O câncer foi inserido no romance com um objetivo claro: emocionar. Conseguiu? Não. Foi só uma tentativa frustrada de manipular emoções superficiais, claramente inspirada em Nicholas Sparks, autor que volta e meia coloca conflitos com a intenção de cativar os leitores, mas, que empobrece a história e seu desenvolvimento.

É um livro comercial, sobretudo. E esse, alias, me parece ser mais um do tsunami do mercado editorial, que vem trazendo livros desnecessários, com capas bonitinhas, conquistando um amontoado de gente, sem perceber que a história é sempre o mesmo feijão com arroz.

O FILME

No livro, a descrição dos personagens se adéqua bem, de fato, o humor ácido, realmente existe, entretanto, na versão que chegou aos cinemas, são apenas dois jovens, bonitos e agradáveis, conforme manda a sociedade.

Lendo o Best-seller, imaginei uma versão atual de “Bonnie e Clayde” para as telonas, até possível, sem sombra de dúvidas, mas o que vi, na verdade, foi um update de “500 Dias com Ela” utilizando os mesmos recursos visuais/narrativos, misturado com uma versão menos sofisticada e lagrimosa de “Love Story”, ou seja, um casal biônico e artificial construído somente para que Hollywood prove que ainda é mestre em tirar lágrimas dos olhos das pessoas.

Esse casal artificial é muito bem representado pelos Shailene e Ansel, pois, o que vemos são atores lutando para dar vida a um roteiro medíocre e não, uma encarnação, de fato, de seus personagens. E se não bastasse isso, o exagero no uso do plano e contra-plano não demora a cansar o espectador, que logo se entedia. Sem contar, os erros de continuidade que fatalmente acontecem.

Fora isso, os velhos truques para despertar a emoção estão todos presentes: trilha sonora dramática, câmera lenta e closes nos rostos. E o resultado é evidente, lágrimas e soluços por toda a sala de cinema. Apesar dos defeitos técnicos, de roteiro e de atuação, o filme cumpre seu papel: ser um drama adolescente que faz chorar. De fato, um sucesso de audiência.

Felipe Fernandes

É um profundo admirador da escrita e da arte que é escrever. Estudante e escritor metido a poeta, que as vezes acerta nas combinações das palavras.

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