728x90 AdSpace

Últimos posts

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Culto ao coitado


Enquanto tentamos nos conformar com o fim da Copa do Mundo e a volta do Campeonato Brasileiro, estive procurando as causas de nosso fracasso na Copa. Tática e tecnicamente, a derrota para a Alemanha era algo previsível. Nos sete gols, vi o desespero no psicológico de um time que não se preparou para a possibilidade de perder.

Mas, em vez de maiores explicações, encontrei algo que ficou no lugar da minha tristeza pelo massacre da semifinal. Entrei no Twitter e vi que, entre os assuntos mais falados, estava a tag #EuAmoDavidLuizPorque. Li a resposta de muitas pessoas e cheguei à conclusão de que eu só poderia completar a expressão com “me faz ter pena”.

Infelizmente, adoramos nos fazer de vítima. E ver um de nós se passando por "coitado" foi o necessário para criar um ídolo.

Jamais gostei do estilo do David Luiz de jogar tudo para a galera, mas segurei minhas críticas por ele ser habilidoso e viver uma boa fase há algum tempo. Porém, as suas duas últimas atuações – das mais patéticas que já vi de brasileiros em Copas – me obrigam a fazer uma reflexão.

Como uma criança, David abandonou sua posição no campo, deixou seus companheiros rendidos e tentou buscar a glória para si. Falhou feio, saiu de campo chorando e pedindo desculpas, e virou ídolo por isso. Oi?

Aí temos o retorno de quem, verdadeiramente, nunca se foi: o complexo de vira-lata rodrigueano está vivo em nós. Transformamos o coitadismo infantil de um atleta em exemplo, em vez de cobrar comprometimento e responsabilidade.

Ainda somos vira-latas. Choramos por tudo, nos colocamos como vítimas e fugimos da responsabilidade de evoluir. Idolatramos quem faz isso, e atiramos em quem dá a cara a tapa.

Meu maior ídolo no futebol jamais se escondeu. Quando tudo pareceu perdido, não chorou para o mundo. Foi homem e correu atrás da glória, que veio com dois gols na final da Copa de 2002. Hoje, vocês preferem lembrar-se dele como um gordo.

E tudo que eu mais queria nesse momento é um cara em campo como esse gordo. Um homem que representasse bem o papel de ídolo, e não uma criança de 27 anos idolatrada por pena. Porque eu quero mais ídolos de verdade e menos vira-latas.
  • Disqus
  • Facebook

0 comentários:

Postar um comentário

Top