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sexta-feira, 18 de julho de 2014

(Re)conhecendo a cultura - Medianeras: Buenos Aires da Era do Amor Virtual

Argentina: Estação Cinema - Medianeras (2011)

Nosso trem-do-(re)conhecer hoje vai à la tierra de los hermanos para uma visita à capital Buenos Aires. Esse post é uma boa pedida, para mochileiros, estudantes de espanhol e para quem tem crises existenciais a todo tempo ou estão (como eu) sem muita perspectiva na vida, presos a uma realidade virtual e condenados à solidão que a cidade em que vivem, de certa forma os impõe, apenas vivendo, sem muita expectativa, aguardando o que há de vir.

Buenos Aires é o berço da cultura argentina, uma das mais importantes cidades da América Latina. É notável o desenvolvimento cultural desta cidade, na enorme quantidade de museus, teatros e bibliotecas. Segundo pesquisas, a Avenida Corrientes "é a artéria onde se encontram alguns dos teatros mais importantes", onde também há os bares e cafés que evolucionaram o tango em princípios e meados do século XX. O governo da cidade, gerencia dez museus que abordam temáticas que vão desde artes plásticas, até a história, passando pelo cinema, no Museu do Cinema Pablo Ducrós Hicken, que é onde paramos agora para falarmos sobre o primeiro (de muitos, eu espero) filmes (no caso, argentino).

Medianeras é um filme argentino que estreou no Brasil em setembro de 2011, suas filmagens rolaram tanto na Argentina, como também na Espanha. Tendo atores de ambos os países, temos Javier Drolas, como Martin (supostamente, eu) e Pilar López de Ayala, como Mariana, dirigidos por Gustavo Taretto. O filme começa relatando os aspectos físicos da capital argentina, ressaltando aspectos que tornam a cidade, semelhante à nós, como no trecho:

"É uma cidade superpovoada num país deserto. Uma cidade onde se erguem milhares e milhares de prédios sem nenhum critério. Ao lado de um muito alto, tem um muito baixo. Ao lado de um racionalista, tem um irracional. Ao lado de um estilo francês, tem um sem estilo. Provavelmente essas irregularidades nos refletem perfeitamente. Irregularidades estéticas e éticas."

Como encontrar o amor se você não sabe onde ele está?
O filme é narrado pelos dois personagens principais, que vivem no centro, em seus medos, rotinas e respectivos apartamentos, na "cidade que os une e também os separam". Martin, é um web designer que vai aos poucos conseguindo sair do seu isolamento, enquanto Mariana é uma arquiteta frustrada que trabalha com manequins e vitrines. Eles passam sempre pelos mesmos lugares, mas nunca se encontram, até que Martin, 'através da internet, conhece Mariana, sua vizinha também solitária'.

Segundo o roteirista e diretor, Gustavo, o que o filme tenta retratar "é uma solidão que não é dramática, mas "uma solidão a que já estamos acostumados. De todos os dias. Solidão urbana. A solidão que sentimos quando estamos rodeados de desconhecidos"", ou seja, o filme se aplica a inúmeras pessoas, pois trata-se de um tema universal: invisibilidade social.

O que seria essa invisibilidade? Essa invisibilidade, nada mais é, o que motiva as pessoas a buscarem aceitação de outras ou em alguns casos, se isolarem por completo. Por que fazem isso? Eis a questão. Fabrício Carpinejar em entrevista ao Danilo Gentili disse que "eu só fico triste, se eu tenho público", o que, possivelmente, é uma das respostas para a questão. Mas, no filme, temos essa invisibilidade retratada de forma silenciosa, é uma invisibilidade de pessoas que estão presas ao universo virtual, que como o próprio Taretto disse, "já estamos acostumados". Este não é o único trabalho do diretor a respeito das relações entre as pessoas, além de Medianeras, Gustavo também escreveu e dirigiu o curta Hoy No Estoy (Hoje não estou), 2007, que trata, ao meu ver, de forma mais interessante ao assunto, pois não há falas no filme e a atenção dos cinéfilos se volta para a atuação de Martín Piroyansky, Esmeralda Mitre, Norma Maldonado e Fabián Talín.

Neste vídeo, Gustavo relata quais diretores, dentre os seus favoritos, melhor retratam o relacionamento entre pessoas hoje em dia:

Gustavo em "1 pergunta para..." da Revista Veja.

O cinema argentino, desde a década de 90, vem passando por um momento de revigoração, apesar de enfrentarem uma forte crise econômica, deram um grande salto de qualidade técnica e de linguagem na produção nacional. Este filme não está listado entre os filmes que atestaram essa eficácia cinematográfica, mas foi o primeiro filme argentino que eu assisti e, portanto, é o que tenho a recomendar.

Mas o que raios é 'Medianeras'?
"Medianeras (ou pared medianera) é nome dado àquelas paredes sem janelas dos edifícios, também chamadas de paredes cegas. Geralmente, são as paredes laterais de um prédio, que, por sua proximidade com o edifício vizinho, não se pode "abrir janelas". Muitas vezes, estes espaços são usados para afixar outdoors ou algum tipo de publicidade."
fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Medianeras ("3 Você sabia?", acessado em 16/07/2014, 18h)

Uma curiosidade, é que "na Argentina a construção de janelas em paredes medianeras é proibido por lei, ainda assim muitos descumprem a ordem, em busca de mais claridade em seus apartamentos. Naquele país as medianeras são fontes de muitas brigas judiciais. No Brasil também é proibido abrir janelas nestas paredes dos edifícios e dizem que aquele prédio atrás do Teatro Municipal do Rio de Janeiro caiu por causa das janelas irregulares que abriram naquela parede, afetando a estrutura."
fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Medianeras ("3 Você sabia?", acessado em 16/07/2014, 18h)

Deixo abaixo os links para os filmes que foram citados:

Sinopse:
Martin (Javier Drolas) está sozinho, passa por um momento de depressão e não se conforma com a maneira com a cidade de Buenos Aires cresceu e foi construída. Web designer, meio neurótico, pouco sai e fica grande parte do tempo no computador. É através da internet que conhece Mariana (Pilar López de Ayala), sua vizinha também solitária e desiludida com a vida moderna numa grande cidade.

SinopseUm dia Martín quer desaparecer. Não ser visto por ninguém. Por ninguém?

Espero que gostem do filme!
Confiram a primeira parada do trem no Brasil: Estação Literatura, tá bem maneiro!
Deixem sugestões para onde possamos nos aventurar na próxima viagem.
O trem-do-(re)conhecer, como o tempo do Cazuza, não pára! Piuí piuí..., nos vemos por aí, Abração!
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