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quarta-feira, 9 de julho de 2014

Sua depressão está à um clique da Suicide Room



Calma, não se trata de mais uma reportagem sensacionalista da tv sobre suicidas virtuais, mas bem que poderia ser, considerando a veracidade dos fatos ocorridos no filme polonês ‘Suicide Room (Sala Samobójców)’, do diretor Jan Komasa. Filme esse que recebeu dentro e fora de seu país diversos prêmios por roteiro, direção e atuação no longa.

Novidade em si, a história do filme não é. O filme é centrado na vida de Dominik Santorski, um adolescente mimado e problemático, super popular no colégio e que vive a sua vida às sombras dos pais ricos e bem sucedidos nunca presentes, que esperam que ele siga a tradição da família no que diz respeito à emprego, gostos musicais e conhecimentos. De imediato um belo clichê americano.


Já no início do filme conhecemos melhor a vida de Dominik (Jakub Gierszał) e de deus pais, quando somos apresentados à uma cena dos três assistindo uma ópera, Dominik tendo um motorista particular para leva-lo à todos os lugares minimamente programados na sua semana, que incluem aula de karatê. No desenrolar do filme, vemos ele e seus amigos bêbados curtindo juntos um momento pós baile, onde duas meninas aceitam o desafio de se beijarem desde que Aleksander (Bartosz Gelner), um amigo de Dominik, também o beije. Os dois se beijam, o que gera uma “revolução” online com o vídeo da cena circulando com diversos comentários, fazendo eles manterem certas brincadeirinhas entre si durante esses 15 minutos de fama deles; o único problema é que Dominik realmente sente algo por Aleksander, e isso fica mais evidente do que nunca em uma aula do karatê quando os dois acabam por treinar juntos e Dominik ficar preso por baixo do amigo e entre movimentos para fuga e manter a prisão, Dominik acaba se animando demais a ponto de ejacular ali mesmo. Porém, o que faz da situação algo muito pior é o fato de Aleksander divulgar tal acontecimento na internet fazendo com que o amigo se torne alvo de humilhação e zombaria. Como parte de fugir disso ele se recusa à ir ao colégio e assistir suas aulas finais, confinando-se em casa e se tornando um membro assíduo do mundo virtual, onde conhece Sylwia (Roma Gąsiorowska), uma garota suicida que o convida para uma sala restrita em um jogo popular da rede, cujo nome é ‘Suicide Room’, não precisando de definição do perfil de seus integrantes.





Tendo problemas para conciliar sua vida emocional e pessoal no mundo real, considerando seus problemas no colégio e a ausência dos pais, Dominik acaba passando a maior parte do tempo junto com Sylwia, criando uma relação afetuosa com ela, que parece incentivá-lo a ser mais liberto quando à tudo, tornando-o, mesmo que involuntariamente, uma pessoa mais radical, introspectiva e vingativa, além de fazer com que ele se torne mais ausente de sua vida real.


O que de fato chama atenção no filme, além da bela e delicada atuação dos atores, é a forma como tudo é contado, de maneira leve, dinâmica e extremamente crítica, angustiando qualquer um que vê, pois os surtos e questionamentos de Dominik, embora específicos, não são tão diferentes de tudo aquilo que qualquer adolescente já teve na vida.  A diferença é a forma como ele decidiu lidar com isso, que foi incrível por sinal; o filme tem um timing perfeito para as cenas, embora clichê, é uma nova forma de mostrar mais do mesmo, surpreendendo sim em alguns momentos, como também ampliando a visão do expectador para certos problemas que vivem ao nosso redor, mas sequer nos damos ao luxo de perceber ou se importar.


Não espere ver em Suicide Room um filme fofinho, baseado em uma série do Disney Channel que fala sobre vencer na adolescência. Ele é um filme poético, com cenas fortes e arrepiantes, uma trilha sonora digna de prêmios e um final questionável. O longa merece seu lugar ao sol e é o tipo de filme que vai te deixar arrepiado e assustado em certas partes, mas com certeza, vai te fazer pensar.
Leonardo Marques

Careta aos olhos do mundo dito moderninho. Um estudante de jornalismo e futuro produtor, que pretende um dia fugir do Brasil e ser feliz apreciando a arquitetura mundial.

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