Daniel Oliveira, mais conhecido pelo
pseudônimo Daniel Bovolento, nascido no Rio de Janeiro, é publicitário,
consultor, escritor e blogueiro. Além de, “jornalista de comportamento” em mesa
de bar. Daniel é o criador do blog Entre
Todas As Coisas, um dos sites sobre relacionamento mais acessados da web
brasileira.
TRÊS PAPOS: Daniel,
primeiramente, gostaríamos de agradecer por aceitar o nosso convite em fazer
essa entrevista. Bom, quando começou seu interesse pela literatura e por
escrever?
DANIEL: Eu que agradeço pelo
convite, gurizada. Bem, eu sempre me interessei por contar histórias. Esse
sempre foi o foco, apesar de eu não entender bem o que isso significava. Alguns
pontos da infância e adolescência marcaram mais esse interesse, como os
concursos de redação e contos, de paródias e coisas afins na escola. O fato de
ser apaixonado por leitura e por teatro também influenciou muito, já que me via
sempre como personagem e conhecer mais histórias era a minha forma de viajar e
sonhar por aí.
O que você
gosta de ler?
Eu leio um pouco de tudo, mas sou fã de crônicas e contos ou
romances densos. Gosto de drama e suspense, mas eles têm que me carregar com
emoção. Um livro tem que me mover com o enredo e com a estética do autor. Não
sou fã da estética rebuscada, muito descritiva, mas compreendo sua importância,
principalmente aquela presente nos grandes clássicos da literatura. No entanto,
sou mais fã das coisas cotidianas, das grandes epifanias, do olhar pelo comum
que ninguém nota.
Como surgiu o Entre Todas As Coisas?
Surgiu de uma ideia minha em 2010. Eu queria escrever contos
sobre mulheres e cada um deles teria no título o nome de uma. A ideia era
reportar a série “Sobre as mulheres”, em que os textos exibiriam
características gerais femininas, mas focando em uma por texto. Escrevi o
Beatriz primeiro, depois vieram as outras meninas. Era uma escrita fácil,
escolar, pouco polida, mas divertida. O blog começou aí.
Como é
sua relação com os colaboradores do site? E com outros escritores/blogueiros?
Os colaboradores do blog são incríveis. Saíram de uma
seleção enxuta com mais de 500 participantes e são pessoas que me ensinam muito
sobre estilos e escrita. Cada um deles tem uma maneira diferente de escrever e
é de algum lugar do país. Além dos que saíram da seleção (Douglas, Karine,
Letícia e Clarice), juntaram-se a nós a talentosa Olivia Dias, que faz a
leitura interpretativa do texto e também escreve, e a Amanda Armelin que já era
conhecida pelo sex appeal nos textos sobre sexo. Tem mais gente vindo por aí,
mas ainda é surpresa.
Tenho uma relação boa com os blogueiros que conheço.
Acompanho o trabalho de poucos, pra ser sincero, mas sempre que posso dou uma
força pros meus amigos. Principalmente alguns que conheci no Casal Sem Vergonha,
que são pessoas incríveis e talentosas.
Em um mundo onde os
sentimentos e relacionamentos se tornaram algo fútil e desvalorizado, onde você
busca inspiração para seus textos?
Eu tenho
alguns pontos focais e observo muito. Acho que todo escritor precisa observar e
viver muito do que pretende escrever. Foco nos relacionamentos e pessoas ao meu
redor, além da música, cinema e literatura. Arte inspira arte, assim como
a vida inspira a vida.
Por
escrever sobre relacionamentos, às vezes, acontece um assédio por parte das
mulheres?
Nah, já passamos dessa fase. Teve uma época em que rolou um
pouco de platonismo por parte de algumas leitoras, mas hoje elas me enxergam
mais como um amigo do que como crush.
Você é,
também, publicitário e consultor, como concilia esses outros empregos com sua
produção literária?
É complicado, sou conhecido por ser workaholic. Além do
blog, estou lançando um novo blog em breve e escrevendo meu livro. Também
escrevo pro Casal Sem Vergonha e devo inaugurar uma coluna em breve em outro
portal da área. Produzo uma festa no Rio de Janeiro e tenho projetos com
consultoria de conteúdo e planejamento de blogs para corporações e empresas.
Agora consegui me dar um período sabático para alinhar tudo e direcionar minha
carreira, saindo do emprego formal que tinha. Então devo conseguir terminar meu
livro e seguir com ele.
Você
gosta mais de escrever: romances, contos ou crônicas?
Crônicas, com certeza. Eu tenho um estilo de escrita que
fica entre o conto e a crônica, na maioria das vezes. Romances mais extensos
não são meu forte, mas já comecei a rascunhar alguma coisa enquanto estudo esse
estilo.
Você tem
algum projeto de livro para o futuro?
Sim, estou escrevendo meu primeiro livro, cujo título
provisório é Imaginário. Ele faz parte de uma série com 3 livros que pensei em
escrever. São todos contos, crônicas e cartas inspirados num tema central e num
tema global que se interligam. O Imaginário vai falar sobre amores que rondam o
imaginário das pessoas, mas que nunca aconteceram.
Quais são
suas maiores influências?
Literárias? Não sei. Sou do tipo de gente que leu muita
coisa e acabou pegando um pouco de cada um, mas que nunca se lembra exatamente
de quem. Eu gosto muito do Caio Fernando, da Tati Bernardi de antigamente, da
Martha Medeiros e dos primeiros livros do Carpinejar. Machado de Assis,
Shakespeare – morro por McBeth, Oscar Wilde, um pouco do Edgar Allan Poe. Gosto
de alguns livros em particular de literatura estrangeira também, o Marcos
Zusak, o Zafón, o Gabriel García Marquez
são caras que me chamam atenção.
O que
você pensa sobre o preconceito em relação a “escritores de internet”? Ele
existe mesmo?
Acho que existe receio com blogueiros, apesar de estar se tornando
comum o fato dos blogueiros lançarem suas obras e conseguirem uma boa vendagem
com elas. O fato é que os escritores, principalmente aqueles que vivem no
offline, enxergam blogueiros como aprendizes da arte de escrever. Ainda é um
campo complicado.
Daniel,
gostaríamos parabeniza-lo pelo sucesso que é o site Entre Todas As Coisas, e agradecer
pela gentileza em responder esta entrevista ao portal. Fique à vontade para
fazer suas considerações finais.
Novamente, agradeço pelo carinho e pelas perguntas. E deixo
um recado pra quem quer escrever ou fazer algo ligado a artes: arte é
sentimento, então coloque paixão. Sem ela até o melhor dos textos vira apenas
estética bonita num fundo vazio. E estude muito. Eu tô aqui estudando e não
pretendo parar tão cedo de aprender.







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