Essa é segunda vez no ano que paro para escrever sobre
racismo. Sobre torcidas organizadas talvez seja a primeira. Não por falta de
oportunidade. Se eu quisesse, teria pauta para um texto desses por semana. Mas
eu prefiro falar sobre coisa boa, sobre o que arranca um sorriso do torcedor.
Eu adoraria estar falando do ótimo jogo do Santos ou do
Grêmio, que, fraco, lutou até o último minuto por um gol que traria a esperança
da classificação, mas não dá. Mais uma vez, uma partida de futebol se iniciou
com os olhares fixos no campo e terminou com o foco fora dele. O futebol foi só
um detalhe novamente.
As imagens são claras. Diversos grupos de torcedores – Sim,
torcedores. A imbecilidade não faz deles menos gremistas – chamaram o Aranha de
“macaco”, “negro fedido” e outras coisas tão lamentáveis quanto. São
criminosos, e seu lugar é na cadeia. A internet já fez o trabalho de achar os
perfis nas redes sociais e até mesmo telefone dos racistas, então a polícia só
não os prende se não quiser.
Crime se resolve colocando bandido atrás das grades, sem
papo. Assim findo a discussão sobre o racismo.
Agora, faço-lhes uma pergunta: De onde vocês acham que
vieram os insultos racistas na partida desta quinta-feira?
Exatamente, da região da torcida do Grêmio em que fica uma
organizada. A mesma que comemorou a morte do Fernandão, em um grenal, há menos
de um mês.As torcidas organizadas, celeiros de criminosos das arquibancadas
brasileiras, atacam novamente.
Sei que não são todos os integrantes de organizadas que
compactuam com o que aconteceu ontem e ocorre regularmente, os bons são
maioria. Mas cresci aprendendo que os bons pagam pelos maus. E pelo bem dos
próprios torcedores que estão nas arquibancadas para torcer, não tem como
manter as torcidas organizadas nos estádios.
Ameaçam jogadores e jornalistas, quebram patrimônio dos
clubes, agridem torcedores rivais e cometem crimes de ódio. E para a essência
do futebol, o pior de tudo: afastam os torcedores dos estádios.
Pedem para que não generalizemos. Mas se toda segunda-feira
você abre o jornal e lê sobre incidentes envolvendo organizadas por todo o
país, já não é mais uma generalização, e sim a constatação de um fato:
organizadas são um problema.
Ninguém precisa das organizadas. Os torcedores, os clubes e
o futebol só perdem com sua existência. Torcedor que gosta do seu time vai ao
estádio, viaja e canta por causa dele, não pela organizada. Torcedor tem que
gritar o nome do seu time, não o nome da organizada.
O caso de quinta-feira é só mais um que vai para o triste
arquivo do que as torcidas organizadas fazem pelo nosso futebol. Há anos contribuindo
para o amadorismo das instituições do esporte que amamos.
Enquanto continuarmos escutando mais “gaviões”, “máfias” e “independentes”
nas arquibancadas que hinos e músicas efetivamente de apoio aos clubes, nosso
futebol não evoluirá.
As organizadas são um câncer em processo de metástase há décadas.
É preciso querer fazer um tratamento no futebol brasileiro, é preciso extinguir
as organizadas para andar para frente.
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