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segunda-feira, 11 de agosto de 2014

O eterno país do futebol



Outro dia chegou uma revista na minha casa. Antes de folheá-la, vi um destaque, na capa, para uma reportagem com a manchete “Alemanha – fomos ver de perto por que ela é o novo país do futebol”. Rejeitei qualquer possibilidade de abrir a revista. Não por duvidar da qualidade do conteúdo, que, por sinal, é extremamente dedutível.

Não é preciso ler a matéria para saber que o que está escrito lá envolve categorias de base comprometidas com a formação humana e profissional dos atletas, uma liga forte com clubes unidos em busca do que é melhor para eles e práticas de responsabilidade fiscal para evitar endividamento dos clubes. Isso tudo, é claro, resultando em uma seleção forte.

Ignorar todos esses fatos que contribuíram para o sucesso do futebol alemão é absurdo. O que me fez recusar a leitura do conteúdo foi a infeliz manchete. Até entendo que dizer que a Alemanha é “o novo país do futebol” é impactante e tende a dar audiência, mas é também um total desconhecimento de futebol.

A Alemanha tem a melhor seleção do mundo, dois dos melhores clubes dos últimos anos no futebol europeu, alguns dos melhores jogadores do mundo e é a segunda maior vencedora de Copas. Em segundo também vem o peso de sua camisa, que segue sendo não só maior que o da camisa brasileira.

Ser a maior potência do futebol, hoje, não transforma a Alemanha no país com mais tradição no esporte ou no país do futebol. Quando o Barcelona impressionou o mundo com o tiki-taka – hoje, defasado – que chegou à seleção espanhola, a Espanha também não se tornou o país do futebol.

A expressão “país do futebol” é muito mais que simplesmente o país com melhor desempenho no esporte. É uma marca que envolve a tradição e a cultura de um país. Não há como desvincular o futebol do Brasil, e vice-versa, e isso nos torna o detentor de tal alcunha.

Rotular qualquer nação, além do Brasil, de “país do futebol” é querer alterar os fatos criados e afirmados ao longos de décadas e ignorar a cultura brasileira, assim como seria encontrar em outra nação a casa do carnaval e do samba.

Nosso futebol, infeliz e inegavelmente, passa por uma crise. Mas somos, e sempre seremos o país do futebol. E entender isso, com a ajuda de dirigentes bem intencionados, é o primeiro passo para reerguer nosso esporte.
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