No primeiro jogo da sexta-feira, Rogério Dutra Silva foi
vexaminosamente derrotado por Roberto Bautista Agut. No segundo, uma vitória
heróica de Thomaz Bellucci, de virada, contra Pablo Andújar. No sábado, vitória
sensacional do Brasil com Bruno Soares e Marcelo Melo nas duplas.
Porém, este texto não é exatamente sobre tênis, então vamos
ao ponto que interessa.
Thomaz Bellucci não é um ídolo do nosso esporte. Pode reunir
fãs ali ou acolá e pessoas que torcem pelo seu sucesso – caso em que me
encontro – mas não é ídolo nacional, longe disso. Se poderia ou não ser um
ídolo, não é papel desta crônica avaliar. Os próximos parágrafos refletirão
sobre a certeza de que ele e outros atletas de nosso país poderiam ser muito
mais do que são.
Talvez ainda órfãos de Guga, muitos jogaram a esperança de
um novo fenômeno em
Bellucci. E a cada derrota sua, a torcida transforma a quebra
de suas expectativas em um mar de críticas maldosas a Thomaz. Porém, esse mesmo
Thomaz que os brasileiros criticam covardemente é o que, com todos os problemas
físicos e técnicos, jamais desonrou a camisa do Brasil em um torneio pelo país.
E isso já deveria ser o suficiente para valorizarmos mais seu trabalho.
E Bellucci não é o único que passa por isso. Todos são
Bellucci. Pisamos em todos nossos atletas a cada falha, sem nem pensar que é
neste momento em que poderíamos fazer a diferença positivamente.
Rubinho é lento, Massa é piada, Jade e Hypólito são chorões.
Mas já parou pra pensar que jamais desonraram nossa bandeira?
Spider quebrou a perna? "Bem feito, quis ser palhaço e fazer
graça". Mas espera, você não bateu no peito e gritou quando ele enfiou a mão no
adversário que ofendeu nossa nação? Pois é.
Hipócrita.
Não merecemos os ídolos que temos, e nossos atletas não
merecem o que fazemos com eles.
O maior atleta de todos nasceu em nosso país, nos trouxe três
Copas do Mundo e a alcunha de “país do futebol”. O que fazemos com ele?
Humilhamos a cada declaração. “Calado, é um poeta”, diz o burro senso comum. Porém,
somos nós que deveríamos ficar calados.
Se não bastasse a dificuldade de se tornar um atleta no Brasil, os esportistas precisam enfrentar o covarde ataque de quem deveria os apoiar. Por isso, eu finalizo esse texto com um pedido:
Por mais que seja mais fácil gritar "eu avisei" e rir da desgraça de um compatriota, tente trocar seu desnecessário aviso por um "eu acredito". Se quer dizer que ganhou algo, faça parte da vitória. Apoie o atleta do seu país, jogue junto das cores que te representam.
Caso não queira mudar, sem problemas. Só não seja hipócrita de dizer que "ganhamos", quando uma medalha vier. Sua hipocrisia é muito mais feia que a derrota do "seu" atleta.
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