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domingo, 14 de setembro de 2014

Somos todos hipócritas

Assim como fiz durante as duas semanas do US Open, o último dos quatro Grand Slams da temporada de tênis, dediquei minhas tardes de sexta e sábado a assistir ao esporte. Desta vez, o que está em disputa é a Copa Davis, torneio entre nações em que o Brasil busca, no ginásio do Ibirapuera, em São Paulo, enfrentando a Espanha, voltar à elite do tênis mundial.

No primeiro jogo da sexta-feira, Rogério Dutra Silva foi vexaminosamente derrotado por Roberto Bautista Agut. No segundo, uma vitória heróica de Thomaz Bellucci, de virada, contra Pablo Andújar. No sábado, vitória sensacional do Brasil com Bruno Soares e Marcelo Melo nas duplas.


Porém, este texto não é exatamente sobre tênis, então vamos ao ponto que interessa.

Thomaz Bellucci não é um ídolo do nosso esporte. Pode reunir fãs ali ou acolá e pessoas que torcem pelo seu sucesso – caso em que me encontro – mas não é ídolo nacional, longe disso. Se poderia ou não ser um ídolo, não é papel desta crônica avaliar. Os próximos parágrafos refletirão sobre a certeza de que ele e outros atletas de nosso país poderiam ser muito mais do que são.

Talvez ainda órfãos de Guga, muitos jogaram a esperança de um novo fenômeno em Bellucci. E a cada derrota sua, a torcida transforma a quebra de suas expectativas em um mar de críticas maldosas a Thomaz. Porém, esse mesmo Thomaz que os brasileiros criticam covardemente é o que, com todos os problemas físicos e técnicos, jamais desonrou a camisa do Brasil em um torneio pelo país. E isso já deveria ser o suficiente para valorizarmos mais seu trabalho.

E Bellucci não é o único que passa por isso. Todos são Bellucci. Pisamos em todos nossos atletas a cada falha, sem nem pensar que é neste momento em que poderíamos fazer a diferença positivamente.

Rubinho é lento, Massa é piada, Jade e Hypólito são chorões. Mas já parou pra pensar que jamais desonraram nossa bandeira?

Spider quebrou a perna? "Bem feito, quis ser palhaço e fazer graça". Mas espera, você não bateu no peito e gritou quando ele enfiou a mão no adversário que ofendeu nossa nação? Pois é.

Hipócrita.

Não merecemos os ídolos que temos, e nossos atletas não merecem o que fazemos com eles.

O maior atleta de todos nasceu em nosso país, nos trouxe três Copas do Mundo e a alcunha de “país do futebol”. O que fazemos com ele? Humilhamos a cada declaração. “Calado, é um poeta”, diz o burro senso comum. Porém, somos nós que deveríamos ficar calados.

Se não bastasse a dificuldade de se tornar um atleta no Brasil, os esportistas precisam enfrentar o covarde ataque de quem deveria os apoiar. Por isso, eu finalizo esse texto com um pedido:

Por mais que seja mais fácil gritar "eu avisei" e rir da desgraça de um compatriota, tente trocar seu desnecessário aviso por um "eu acredito". Se quer dizer que ganhou algo, faça parte da vitória. Apoie o atleta do seu país, jogue junto das cores que te representam.

Caso não queira mudar, sem problemas. Só não seja hipócrita de dizer que "ganhamos", quando uma medalha vier. Sua hipocrisia é muito mais feia que a derrota do "seu" atleta.
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