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segunda-feira, 28 de julho de 2014

Atreva-se a se apaixonar pelo “quarteto do terraço”

Desde criança, me condicionei a acreditar que um bom drama precisa, além de emocionar, ensinar algo, ou pelo menos tentar. Mas na verdade, o que um bom drama precisa mesmo é fazer o expectador viver e sentir aquilo como se estivesse acontecendo com ele, como se pudesse acontecer com ele. Filmes sobre câncer, paixões adolescentes, virgindade, amizade, enfim, que remetem ao nosso cotidiano, fazem sucesso porque suas histórias e personagens estão ao nosso alcance; qualquer um pode ter sua vida mudada no dia seguinte, sem nem esperar que isso aconteça. Seu caminho padrão do dia a dia pode ser derrubado por alguém diferente, que talvez por algo chamado destino venha a mudar tudo dali pra frente. Mesmo tendo milhares de filmes sobre isso por aí, deixe um tempo reservado na sua agenda e conheça ‘Uma Longa Queda’, filme baseado na obra homônima de Nick Hornby e protagonizado por Aaron Paul, Toni Collette, Pierce Bosnan e Imogen Poots.

Tudo começa a partir da visão de Martin Sharp (Pierce Brosnan), um ex-apresentador de TV que teve a sua vida arruinada após ser condenado a prisão por pedofilia, mesmo se declarando inocente, perdendo então a família, a casa e o emprego, decidindo assim acabar com a própria vida; o cenário? O topo de um arranha céu em Londres, na noite de ano novo. Mas eis que poucos minutos depois de chegar lá e acender um charuto como forma de despedida desse mundo, surge Maureen (Toni Collette), uma dona de casa introvertida, que se sente impotente em sua vida, tendo que cuidar de seu filho doente com poucos recursos e com muitas dificuldades, querendo fazer o mesmo que ele: jogar-se do topo do prédio; como se não bastasse, quase como de repente, surge Jess (Imogen Poots), uma jovem extrovertida, animada e que esconde suas dores e sentimentos através dos insultos constantes, gritando e querendo se jogar também, além de J.J. (Aaron Paul), um entregador de pizza misterioso e bonitão que alega ter câncer no cérebro e que não haveria como tratar ou operar. É ali, no topo de um prédio, em meio à confusões e questionamentos pessoais e emocionais que os quatro se conhecem. 

A história segue e de uma forma interessante eles acabam passando a noite de ano novo de uma maneira insana e juntos. Quando veem o sol nascer e se dão conta de que é um novo ano, decidem então fazer um pacto, para que suportem a vida e não se suicidem até o dia nos namorados (na Inglaterra é comemorado no dia 14 de Fevereiro), que é a segunda data com mais registros suicidas no mundo. A partir daí eles passam a se ajudar para continuarem vivos por mais algumas semanas, porém não demora muito pra história vazar na imprensa e eles acabarem se tornando famosos, sendo apelidados de “quarteto do terraço”, dificultando assim o cumprimento do tal pacto. Eles até mesmo tentam aproveitar-se da situação de uma forma boa, mas em meio à manchetes e programas de entrevista, toda a dor e sofrimento começam a transparecer e tudo fica caótico.

Após alguns desastres com a imprensa e como uma forma de deixar a poeira baixar, eles decidem então viajar juntos para um lugar tranquilo, com uma praia, para que possam sair da rotina, curtir um pouco das semanas que ainda faltavam e assim ficarem longe da mídia por uns dias; nessa viagem, podemos perceber um desenvolvimento enorme dos personagens e seus pensamentos, daí quando o dia dos namorados chega, tudo está diferente; as circunstâncias são outras e uma nova chance existe.


A produção agrada bastante na forma como somos apresentados aos personagens. Sabemos desde o começo o que os uniu e o que os aflige no geral, mas no decorrer do filme podemos ver muito mais do que o grupo vê, vemos suas vidas e questionamentos de uma forma leve e mais íntima e tudo aos poucos, até que então já estamos conectados à eles, sentindo suas dores, chorando as suas lágrimas e vivendo suas vidas.

Dizer que o elenco desse filme apenas atuou e nada mais seria de tamanha ofensa que nem me atreveria. Toni Collette, atriz vencedora de diversos prêmios, é admirável em seus papéis e não faz diferente nesse filme, sua beleza e expressão corporal são incríveis, afligindo a qualquer um; Pierce Brosnan faz jus ao personagem canastrão, egocêntrico e de coração mole que no fundo faz o bem; Aaron Paul conseguiu me fazer enlouquecer com a forma em que viveu seu personagem, em diversos momentos me senti em sua pele, sofrendo e me questionando diversas coisas; Mas o foco principal está em Imogen Poots, que carrega junto de si a maior carga emocional do filme, sendo de certa forma a liga entre todos eles e conseguindo mostrar que existe um pouco de Jess em cada um.

‘Uma Longa Queda’ é um longa divertido, banhado por um humor ácido e típico inglês, brilhante por sinal, que como todo bom drama emociona e condiciona você a pensar e questionar sua vida e suas atitudes. Não fuja dele por parecer só mais um no meio de um mar de filmes do gênero, pelo contrário, se dê ao luxo de conhecer mais um, com certeza mal não vai fazer... no máximo te fazer sorrir ou até mesmo chorar.
Leonardo Marques

Careta aos olhos do mundo dito moderninho. Um estudante de jornalismo e futuro produtor, que pretende um dia fugir do Brasil e ser feliz apreciando a arquitetura mundial.

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